O cenário de música no meio evangélico hoje não é dos melhores. Será que toda música gospel é uma música cristã? O fato é que surgiu já há muito tempo esse novo estilo de louvor, chamado gospel, que tem provocado uma grande queda na qualidade musical dos cristãos. Quando falo em qualidade, falo especificamente em termos de conteúdo. De fato, a qualidade instrumental de muitos grupos é altíssima, mas quando paramos para avaliar a letra ou conteúdo de suas músicas, vemos quão rasas elas são. O que está faltando então para um melhor conteúdo e beleza nas músicas tornando-as muitos de verdadeira adoração?
Olhando para as escrituras é possível encontrar o escape dessa terrível situação. A revelação divina é suficiente e ela ensina através de exemplos o que faz parte de uma música que realmente exalta o nome de Deus. As doxologias são justamente um desses exemplos, as quais podem fornecer um padrão para a composição de hinos nesses tempos de música gospel. As doxologias são expressões de adoração, ditos de louvor, geralmente utilizadas no fim de uma oração. Muitas vezes não paramos para perceber quão belas e quão ricas são as doxologias em termos de conteúdo para adoração.
Na epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo utiliza quatro vezes as doxologias. Nos capítulos 1.25 e 9.5 nós podemos ver uma forma de doxologia chamada eulogia. Esta tem geralmente o formato “Deus bendito para todo sempre amém”. Nos capítulos 11.33-36 e 16.25-27 nós podemos ver a forma de doxologia propriamente dita, que geralmente tem sua estrutura de forma tripla: a quem se dirige a adoração (a Deus), um elemento de adoração (glória, doxa) e um elemento temporal de eternidade (para todo o sempre, pelos séculos dos séculos). Geralmente finalizam com amém.
Observando as doxologias romanas, podemos ver que elas apresentam alguns temas que poderiam ser abordados em músicas de verdadeira adoração ao nosso Deus. Primeiramente, todas elas tem Deus como o centro da adoração. Todas elas fazem menção a Deus, mas não de forma vaga, mas deixando-O no lugar certo: no centro. Além disso, mostram que a adoração deve ser a Deus por tudo que Ele é e o que Ele faz (Rm 11.33-36; 16.25-27). Também, a deidade de Cristo faz parte dessa adoração, em Rm 9.5, “ deles também é o Cristo, segundo a carne, o qual é Deus bendito para todo sempre. Amém!” Mas as doxologias também mostram que o homem deve estar contido na adoração, mas mostrando o quão fraco e incapaz é o homem de chegar até Deus ou de se comparar com Deus (Rm 11.33-36). Elas ainda nos ensinam que a música deve ser serva da palavra, pois as doxologias não são fragmentos soltos, mas conclusões da linha de pensamento que o escritor (pregador) empregara até aquele momento. As músicas não devem ser da maneira que as pessoas querem, mas sim aquelas que levam nossas mentes a uma verdadeira adoração a Deus.